Como o reality show Ilhados com a Sogra pode contribuir para a discussão sobre o etarismo na Publicidade e na Pesquisa de Mercado
Por Dani Formaio
Jovens casais são levados para uma ilha paradisíaca para disputar um prêmio que pode mudar suas vidas. Até esse momento, Ilhados com a Sogra parece muito com outros realities de relacionamento que são tendência no momento. Mas, na verdade, o personagem principal desse programa é a sogra e o relacionamento com sua nora ou genro.
Mas como podemos relacionar isso a Publicidade e a Pesquisa de Mercado?
Entre outras características e discussões levantadas pelo programa, nesse texto iremos discutir duas das mais explícitas:
- Destacar um grupo de pessoas de uma faixa etária pouco retratada, tanto no entretenimento quanto na publicidade/projetos de pesquisa;
- Acompanhar o relacionamento entre diferentes gerações.
Recentemente, podemos acompanhar alguns estudos que mostram que pessoas mais velhas sentem-se desconsideradas pelas marcas em suas propagandas. Sim, o etarismo também é percebido na publicidade, e de que maneira?
O etarismo é a discriminação geracional e contra pessoas ou grupos baseado na idade. Ele é manifestado de diversas maneiras, como desconsiderar a opinião de uma pessoa apenas por ela ser idosa ou atribuir estereótipos. No caso de marcas, basta perceber como grande parte das campanhas retrata pessoas com mais de 50 anos, seja o produto que está sendo oferecido, geralmente relacionado à busca pela juventude, saúde ou segurança, seja por como os personagens 50+ são retratados. E isso começa cedo, desde a definição da faixa etária do público-alvo o que culmina em pesquisas que muitas vezes não consideram o público 50+.
Um erro comum em um planejamento de desenvolvimento de um produto ou serviço e de como sua divulgação é feita, é olhar somente para a bolha. Isso pode ser feito em um momento inicial ou para detectar tendências específicas. Mas, continuar dentro da bolha (ilhado) sem considerar todo o potencial de consumidores, pode minar ou enfraquecer o resultado de uma marca.
Especificamente quando se trata de pessoas mais velhas, algumas marcas entendem que esse público não é seu consumidor. Isso acontece por conta de mitos e ideias enraizadas como a de que são muito influenciados pela geração anterior e, por isso, não são principais tomadores de decisões ou de que não tem poder aquisitivo, o que, muitas vezes, não retrata a realidade. E essa realidade pode ser acompanhada no programa, com sogras que influenciam (e muito!) seus filhos e que são principais provedoras da casa.
Durante os episódios, podemos ver a dinâmica do relacionamento entre as gerações e desmitificar alguns dos mitos sobre os 50+. Mesmo contando especificamente com mulheres, elas nos mostram suas limitações, suas inseguranças, mas também a sua força. São personagens extremamente complexos, interessantes e com uma história de vida recheada de vitórias.
Nós da Ecglobal também somos questionados com frequência sobre a participação de pessoas 50+ em nossas comunidades. E, para surpresa de alguns, esse grupo é bastante engajado, pois também é um mito que os mais velhos não sejam conectados ou não tenham intimidade com a internet.
Por isso, não deixe que seu plano de pesquisa ou suas ações publicitárias fiquem ilhados sem a sogra. Considerar esse público poderá trazer ótimos resultados.